A DANÇA DO VENTRE NO BRASIL

O nome correto dessa dança é Raks Sharki, que quer dizer dança oriental ou dança do oriente. Para a América, o nome dança oriental pode significar dança japonesa, chinesa, tailandesa, etc. Por isso, nos EUA foi chamada de Belly Dance e no Brasil, Dança do Ventre. Essa denominação deve-se aos movimentos, que são predominantes no ventre e quadril feminino. A dança do ventre é a mais feminina e sensual de todas as danças. A mulher, através da música árabe, une seus movimentos, sua expressão e sua sedução, transformando-os, no palco, em sentimentos que compartilha com seu público.

A origem da Dança do Ventre remonta tempos muito antigos, sobre os quais existe pouca ou nenhuma documentação. Muitas histórias foram criadas na tentativa de ilustrar o seu surgimento, por isto é necessário um cuidadoso trabalho de pesquisa e muito bom senso no momento de identificar se uma informação é falsa ou verdadeira.

Uma das explicações, mostra que a Dança do Ventre teria suas origens nos rituais religiosos do Antigo Egito, onde a dança era praticada como forma de homenagear as divindades femininas associadas à fertilidade. Mas hoje não existe qualquer ligação da dança com a religião e a bailarina é considerada uma artista.

A Dança do Ventre teria sido mais tarde incorporada às festas palacianas, e por fim conquistado também as classes mais inferiores. Outra versão atribui o seu surgimento aos rituais Sumérios, a mais antiga civilização reconhecida historicamente. Estes habitavam, junto com os semitas, a Mesopotâmia (região asiática delimitada pelos vales férteis dos rios Tigre e Eufrates, atual sul da Turquia, Síria e Iraque). Também há indícios históricos da existência de uma dança com características semelhantes à Dança do Ventre em países como Grécia, Turquia, Marrocos e norte da África.

A dança expandiu-se pelo mundo inteiro com a ajuda dos viajantes, mercadores e povos nômades (como os ciganos e beduínos), juntamente com outras características da cultura Árabe, tais como a culinária, a literatura e a tapeçaria. Em sua expansão pelo mundo, ela sofreu ao longo dos tempos diversas influências, acumulando em cada região diferentes interpretações e significados. Atualmente, ela ainda se encontra em um contínuo processo de desenvolvimento, recebendo influências diversas, como por exemplo da Dança Contemporânea e do Flamenco. Independente das diversas influências, não é difícil identificar o seu estilo por meio de determinadas características.

Em cada região, a Dança do Ventre recebeu um nome: no Egito é chamada de Raqs El Sharq ou Raqs Sharqy, que significa "Dança do Oriente" ou "Dança do Leste"; na Grécia é chamada de Chiftitelli; na Turquia de Rakkase; na França de Dance du Ventre e no mundo ocidental é mais conhecida como Belly Dance ou Dança do Ventre.
A Dança do Ventre chegou definitivamente ao ocidente no século XIX, e é considerada uma das danças mais antigas da história da civilização. Atualmente existem inúmeras dançarinas de ótimo nível em praticamente todos os países do mundo, inclusive no Brasil.




AS MODALIDADES DA DANÇA E SUAS CARACTERÍSTICAS

A dança do ventre que estudamos hoje é proveniente do Egito. É dela que temos os passos básicos antes de sua transformação ( mais a nível de deslocamentos e giros). Estudando sua origem, descobrimos que a dança do ventre tem um caráter de ritual sagrado além de seu aspecto folclórico e sua forma tradicional (balady). Concluímos que haja daí, danças com caráter de ritual . Dança Tradicional - Consideramos dança tradicional aquela executada no país que consideramos berço da dança do ventre para o mundo na sua forma mais original e aquelas oriundas diretamente desta. Subdividimos então o estilo tradicional em: BALADY - Consideramos dança tradicional aquela mais comum e proveniente do Cairo já que constatamos ser o Egito o berço da dança do ventre para o mundo. Segundo Claudia Cenci a dança tradicional egípcia é a dança chamada Balady, dança de camponesas egípcias com pouca ou nenhuma movimentação de braços e deslocamentos e ênfase nos movimentos de quadril. O Baladi é uma dança popular dançada em caráter solo. Sua música contém improviso de um músico solando (taksim) e histórias de amor cantadas chamadas mawales. A partir desta dança novas "correntes" expandiram-se e através das várias influências que sofreu: ásiática, conferindo-lhe graça e postura, Índia e Pérsia, movimentos da cabeça, mãos e braços e da Turquia as ondulações, fizeram surgir um novo estilo de dança, a Raks el Sharqi , a dança clássica do mundo árabe. 

RAKS EL SHARQI - Clássico - A dança clássica utiliza-se de músicas, em sua maioria compostas para a bailarina, propondo ritmos de entrada desta em cena, o desenvolvimento da música com altos e baixos e vários ritmos e o grande final, onde a bailarina deve deixar o palco dançando. Este estilo de dança utiliza-se muito de passos do ballet clássico como arabeske, giros, chassê, etc. A ênfase é o uso mais da parte superior do corpo do que a de baixo. Este estilo de música foi imortalizada por Om Kalsoum, cantora libanesa que cantava com profunda emoção. Suas músicas chegavam a durar uma hora e suas apresentações eram motivo de feriado para os árabes. Já a dança moderna é popular no oriente e utilizada para boates, rádios, etc. Moderno: Muitas das músicas de Oum Koulsoum tiveram trechos regravados de forma mais moderna, além disso surgiram novos cantores com características mais populares com certa influência ocidental porém permanecendo seus ritmos característicos. O que diferencia o clássico e o moderno do balady são as músicas utilizadas para ilustrá-los, não com ritmos pré-detrminados, mas com estilo da música, influenciando diretamente em sua movimentação.

RAKS ESTA ARADI - A partir do Sharqi e dos filmes de musicais egípcios surge outro estilo de dança a Raks Esta Aradi ou dança-show, fazendo uma alusão aos filmes de Holywood. Folclórico- As danças folclóricas são de origem de alguma região específica ressaltando suas caracetrísticas e hábitos que repetidos dia após dia, tomam forma transformando-se em música poesia e movimento. Etimologia da palavra folclóre: folk= povo, nação, raça e lore= conhecimento, educação. As danças folclóricas ultrapassam gerações, Sua característica principal é a integração e respeito a costumes e tradições. Está ligada diretamente com o modo de vestir, músicas regionais e modo de vida do povo de origem. Concluímos por tanto, que as danças folclóricas utilizam-se de músicas e vestes específicas e que sua dança ressalta algum costume do povo de sua origem. Desta forma para executá-la, é preciso, com base nestas informações, interpretar todo este ambiente. Ritualística - Esta é a segmentação da dança que resguarda seus aspectos de origem religiosa ou ainda que retrata algum costume do povo árabe personificando suas superstições. Cada uma destas danças tem um motivo simbólico evocando deuses, pedindo graças, proteção, etc. Para retratá-la é preciso respeitar o modo como atuá-la para que sua prática traga à tona o seu significado de ritual.


1) Dança da Espada

Existem várias lendas para a origem da Raks Al Saif ou Dança da Espada. Uma delas diz que é uma dança em homenagem à deusa Neit, uma Deusa Guerreira. Ela simbolizava a destruição dos inimigos e a abertura dos caminhos. Uma outra, diz que na antigüidade as mulheres roubavam as espadas dos guardiões do rei para dançar, com o intuito de mostrar que a espada era muito mais útil na dança do que parada em suas cinturas ou fazendo mortos e feridos. Dançar com a espada permite equilíbrio e domínio interior das forças densas e agressivas. Uma terceira lenda conta que na época, quando um rei achava que tinha muitos escravos, dava a cada um uma espada para equilibrar na cabeça e dançar com ela. Assim, deveriam provar que tinham muitas habilidades. Do contrário, o rei mandaria matá-lo.

Outra história remete à época de guerra entre turcos e gregos. Os otomanos teriam contratado algumas bailarinas para levarem vinho e dançarem para os soldados inimigos. Quando estivessem embriagados, elas deviam pegar suas espadas e outras armas para dançar, facilitando o ataque. Uma outra lenda, diz que grupos de beduínos atacavam viajantes que passassem perto de seus territórios, no deserto, durante a noite, para roubar as mercadorias que transportavam. Os mercadores eram mortos e as mulheres beduínas ficavam com suas espadas. Para comemorar a vitória da tribo, elas dançavam exibindo-as como troféus.

O certo é que, a apresentação da bailarina com a espada, exige equilíbrio e habilidade em conjunto com os movimentos realizados graciosamente. Ela deve colocar a espada na cabeça, no peito e na cintura com muita suavidade. É importante também escolher a música certa, que deve transmitir um certo mistério. Jamais se dançaria um solo de Derbake com a espada.


2) Dança do Punhal

Hoje em dia o punhal é considerado uma derivação da espada, não tendo um significado padrão. Seu traje é comum e o ritmo mais usado é o Wahd Wo Noss. Porém, a história antiga nos revela que essa dança era uma reverência à deusa Selkis, a Rainha dos Escorpiões e representava a morte, a transformação e o sexo.

Na Arábia e no Marrocos é tradição. Esta dança era usada nos bordéis da Turquia e há quem fale que quando a bailarina dança com a lâmina para dentro quer dizer que ela está acompanhada e quando dança com a lâmina para fora, quer dizer que "está livre".

Existem crenças a respeito dos significados de cada gesto que a bailarina faz com o punhal durante sua dança. Vejamos alguns deles:

Colocá-lo na testa na horizontal significa magia; colocá-lo na testa com a ponta para baixo, significa morte; dentro do sutiã significa sexo; entre as mãos significa boas vindas, alegria; colocá-lo entre os dentes significa sedução. Rodar com ele na testa, significa destreza, habilidade; deitá-lo sobre os seios, quer dizer que está apaixonada; pagá-lo com a ponta dos dedos e rodá-lo é o sucesso da bailarina. Passá-lo pelo corpo, significa querer seduzir alguém e dançar batendo-o na bainha quer dizer que está chamando.

Sabe-se que era na verdade uma arma para defesa em situações que colocassem em risco a vida. Por isso, ficou bastante associada aos ciganos e às mulheres que dançavam na rua em troca de dinheiro


3) Dança do Castiçal ou Dança do Candelabro

Raks Al Shamadan. Este tipo de dança existe a muitos anos e fazia parte das celebrações de casamento e nascimento de crianças. É tradicionalmente apresentada na maioria dos casamentos egípcios, onde a bailarina conduz o cortejo do casamento levando um candelabro, específico para a dança, na cabeça. Desta maneira, ela procura iluminar o caminho do casal de noivos, como uma forma de trazer felicidade para eles.

Hoje em dia, é comum que a bailarina apresente a dança do candelabro no começo de seus shows. Este pode ser de 7, 9, 13 ou até mesmo de 17 velas, a critério de cada uma.

É de costume que a roupa seja toda preta ou toda branca, mas não há problema nenhum em dançar com roupas de outras cores também. O ideal é que a roupa seja composta e adequada para este tipo de dança que é considerada sagrada, por celebrar casamentos e nascimentos de crianças.
As velas, na maioria das vezes, são brancas, porém há quem goste de velas coloridas e acreditam em seus significados. Vermelho é o amor passional, sexo e fecundidade. Lilás é transmutação, amarelo é saúde, verde é dinheiro, branco é pureza, azul é carinho e rosa é afeto.


4) Dança das Taças 

Sendo uma derivação da dança do candelabro, a bailarina dança com duas tacinhas, uma em cada mão, que contém uma velinha em cada uma. Ela exterioriza sua deusa interior, fazendo do seu corpo um veículo sagrado e ofertado. Utilizando o fogo das velas, que representam a vida.



5) Dança da Serpente

Por ser um animal considerado sagrado e símbolo da sabedoria, antigamente as sacerdotisas dançavam com uma serpente de metal (muitas vezes de ouro). Atualmente vê-se algumas bailarinas dançando com cobra de verdade, mas isto deve ser visto apenas como um show de variedades, já que nem nos primórdios da dança o animal era utilizado.

Justamente por ser considerada sagrada, a serpente era apenas representada por adornos utilizados pelas bailarinas e pelo movimento de seu corpo.


6) Dança com Véu ou Dança com Lenço

A dança com lenço sugere uma brincadeira com as peças do vestuário usadas no dia a dia. O lenço pode ser usado na cabeça por diferentes motivos: o mais conhecido no ocidente é a obrigação muçulmana de usa-lo por motivos religiosos; porém, as beduínas e tuaregs o utilizam para proteger sua pele e seus cabelos dos rigores do deserto.

Os véus foram incorporados às apresentações de dança do ventre como forma de enriquecer o espetáculo com seus movimentos suaves, mas acredita-se que seu uso é moderno e tem poucas ligações com o folclore tradicional.


7) Dança dos Sete Véus

Existem duas versões para a famosa dança dos sete véus. Uma delas, é uma alusão ao mito de Ishtar, deusa babilônica do amor e da fertilidade. Na Bíblia esse mito foi adaptado e tornou-se a conhecida história de Salomé. Diz o mito que o amado de Ishtar morreu e foi levado ao centro da terra. Como uma alegoria do constante morrer e renascer da natureza, Ishtar desesperada foi atrás dele para traze-lo de volta à vida. Ela teria que passar sete vezes por sete portais e, em cada vez, deixar uma jóia e um véu.

A dança dos sete véus de Ishtar, que ficou conhecida como a "Dança de Salomé", foi escrita na Bíblia com um sentido oposto. No mito original, Ishtar trazia de volta a vida; na Bíblia, Salomé causava a morte.

Outra versão é que a dança dos sete véus era uma dança onde os véus representavam os sete chakras do corpo, desde um estágio mais primitivo até um estágio mais desenvolvido, simbolizando a evolução humana através dos tempos. A retirada e o cair de cada véu significavam o abrir dos olhos que desperta a consciência e a evolução espiritual da mulher.

Os véus amarelos representam o Sol, eliminam o orgulho e a vaidade excessiva, trazendo a alegria, esperança e confiança. O laranja representa Júpiter, que dissolve o impulso dominador e dá vazão ao sentimento de proteção e ajuda ao próximo. O vermelho representa Marte, significando a vitória do amor cósmico e da confiança sobre a agressividade e a paixão. Lilás representa Saturno, mostrando a dissolução do excesso de rigor e seriedade, a conquista da consciência plena e o desenvolvimento da percepção sutil. Azul representa Vênus, revelando que a dificuldade de expressão foi superada, em prol do bom relacionamento com os entes queridos. Verde representa Mercúrio, mostrando a divisão e a indecisão sendo vencidas pelo equilíbrio entre os opostos. E, por fim, o branco representa a Lua; a queda deste último véu mostra a imaginação transformada em pensamento criativo e pureza interior.


8) Dança com Snujs 

Pequenos címbalos de metal, instrumentos de percussão para acompanhamento rítmico, que a bailarina usa entre os dedos nas apresentações. São em número de 4, sendo um par em cada mão.

Dizem que os snujs eram usados pelas sacerdotisas para energizar, trazer vibrações positivas e retirar os maus fluidos do ambiente.

Conhecer e aprender a diferenciar o ritmo árabe é essencial para conseguir tocar snujs. É preciso desenvolver um ouvido musical, as noções de ritmo e contagem de tempo. Um mesmo ritmo pode ficar mais lento ou mais rápido, conforme a música que estiver sendo executada. Se ainda não houver domínio sobre a parte musical, fatalmente a bailarina se atrapalhará quando o ritmo da música se alterar. Ela corre o risco, inclusive, de errar também na sua movimentação corporal.


9) Dança com Pandeiro

Tradicionalmente, a mulher sempre foi boa no toque do pandeiro. Na maioria das vezes, ela tocava para outras mulheres dançarem. Porém, com a influência cigana, passou a tocá-lo também durante a dança.

Ligado a ritmos folclóricos, esse instrumento está relacionado com o mais autêntico espírito oriental, por isso o traje de quem o toca deve ser o vestido. Com o som forte do pandeiro, a bailarina deve marcar o ritmo com precisão e graça.

Era sempre feita com o sentido da comemoração, da alegria e da festa. Assim como os snujs, acompanha-se seu som com o ritmo da música. A melodia ideal é a que tem bastante toques de pandeiro.


10) Dança do Bastão ou Dança da Bengala

Há uma dança masculina originária de El Saaid, região do Alto Egito, chamada Tahtib. Nela são usados longos bastões chamados Shoumas. Estes bastões eram usados pelos homens para caminhar e para se defender.

Note que Saaid também é o nome do ritmo originário desta região. As mulheres costumam apresentar-se utilizando um bastão leve ou uma bengala, imitando-os, porém com movimentos mais femininos. Elas apresentam-se ao som do ritmo Saaid original, que é o mais comum e o mais usado. Porém pode ser dançado também com Maksoum, Malfouf ou até mesmo o Baladi.

Durante a dança, a mulher apresenta toda a sua habilidade, equilíbrio e charme. Costuma-se chamar esta dança feminina de Raks El Assaya (Dança da Bengala). A Raks El Assaya foi introduzida nos grandes espetáculos de dança do ventre pelo coreógrafo Mahmoud Reda. Fifi Abdo teria sido a primeira grande dançarina a apresentar performances com a bengala. Porém ela se apresentava com roupas masculinas.

A roupa típica da dança da bengala é um vestido com um lenço no quadril e um adereço qualquer na cabeça, um lencinho, etc. Não se deve, nunca, dançar somente com duas peças (sutiã e cinturão) a dança da bengala. A roupa pode até ter uma "barrigueira", vestidos com buracos, enfim, mas nunca só com a roupa de dança do ventre comum (duas peças).


11) Khalige

Também conhecida como Raks El Nach'at, é uma dança tradicional originária do Golfo Pérsico, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes.

Em festas femininas e casamentos é comum que as mulheres coloquem o tradicional vestido khalige por cima de sua roupa de festa e dancem sempre. São festas fechadas e familiares.

Os países onde este ritmo é mais conhecido são: Kuwait, Katar, Arábia Saudita e Emirados Árabes.

No oriente, é chamada dança dos desertos, já que os nômades são os dançarinos tradicionais. As mulheres vestidas com suas longas túnicas de corte geométrico e ricamente bordadas, dançam de forma bastante sensual movendo a cabeça, mexendo os cabelos e marcando o ritmo com os pés.

Nos shows tradicionais fora de seu país de origem, às vezes a bailarina para homenagear alguém da platéia que provém de um destes países, insere uma pequena demonstração de khalige em sua apresentação, o que faz a alegria dos turistas.


12) Dança do Jarro

Raks Al Brik ou Dança do Jarro é realizada apenas por mulheres. A vida em regiões desérticas e a forte repressão sexual, estimularam a mente de cantadores e músicos. Alguns compunham versos e rimas de amor para cantar a beleza das moças que iam buscar água na fonte. Seus rostos ficavam quase sempre cobertos, assim como todo o corpo; porém, ao se aproximar da água era preciso arregaçar as mangas ou subir um pouco a saia para não molhar os trajes. Era o delírio dos rapazes que poderiam apreciar tudo o que ficava escondido.

Essa tradição é tão antiga que se perde no próprio tempo. As mulheres, para carregarem os pesados jarros cheios de água, colocavam tecidos sobre a cabeça e andavam equilibrando os potes. Muitos desses jarros eram feitos de barro, se caíssem poderiam se quebrar; isso daria muita confusão para uma escrava. Dessa habilidade de equilibrar um jarro sobre a cabeça, nasceu um tipo de dança comum no Norte da África. Muitos senhores de escravas ofereciam para seus hóspedes, exóticas apresentações na hora de servir o vinho. As coreografias eram marcadas por giros e movimentos rápidos dos pés, sem que uma gota sequer do conteúdo dos jarros caísse no chão. Ao final da apresentação, o líquido era despejado em taças de metal para ser bebido pelos convidados.


13) Melea-Laff

Melea é um tipo de véu oriental que ganhou popularidade no Egito nas décadas de 30 e 40, sendo única e exclusivamente deste país.

O que é Melea-Laff? É lenço enrolado. Enrolado porque nesta dança as mulheres se envolvem em lenços pretos, de tamanho grande e tecido grosso, que pode ser ou não bordado.

Seu maior atrativo era que, apesar de esconder o corpo, por ser escuro e pesado era ao mesmo tempo revelador, pois o tecido era enrolado bem apertado ao redor do corpo.

Melea-Laff era dançada pelas meninas do Cairo, sendo muito comum que a bailarina fosse extremamente carismática, muito charmosa e bastante exagerada nos gestos. São gestos bem típicos das mulheres baladis do Egito. Hoje em dia é normal que você veja uma bailarina representando esse personagem e entrar para dançar mascando chicletes e falando em árabe no meio da música, por exemplo.

Apesar de ter origem nos trajes humildes dos vilarejos, por ser inspirado nos xales usados pelos gregos de Alexandria, a melea tornou-se item muito popular da moda egípcia.

A borka é um tradicional acompanhamento desse traje, que nada mais é, que um véu tricotado para o rosto, com amplos buracos que acrescentam mistério ao rosto, em vez de cobrir, no sentido tradicional do Islã.

Apesar de dançar profissionalmente não ser considerado "certo", as mulheres encontravam uma maneira de realçar suas danças nas ocasiões festivas e comemorações. Começavam a dançar lentamente com a Melea-Laff, usando o gesto de se enrolar como parte da dança. O véu enrolado apertado e justo ao corpo mostrava as curvas do quadril e da cintura. Assim, o véu era utilizado para criar um tipo de dança provocante, ainda que totalmente coberta.

A dança com Melea representa a dança misteriosa mais usada para o flerte.

Uma dançarina que usava a dança de Melea como um dos itens mais populares de seus shows era Fifi Abdo, pois relembrava uma época agradável da história recente do Egito, quando a economia estava em alta e as mulheres viviam uma liberdade diferente e a possibilidade do flerte que veio através dessa moda com o véu.

Para dançar Melea-Laff, é preciso que você saiba enrolar o véu de maneira correta no corpo, manuseá-lo e ter muito charme e muita graça!


14) Andaluz 

Originado pelos mouros islâmicos afastados da Espanha. Este estilo também denominado de "Malouf", é caracterizado por passos ligeiros e braços com graciosidade arabesca, que desenham os meandros da melodia.

Um véu evidencia a sinuosidade dos movimentos. Acompanhado de uma música clássica: nouba.

Nouba designa "um por vez", na pauta ou na composição musical. É concentrada em uma série de peças vocais e instrumentais construídas sobre um tab ou modo particular. O desenrolar é variado dos ritmos e movimentos variados. No início, nouba correspondia a cada hora do dia e da noite, assim como as regras indianas. Devido à sua transmissão oral, perdeu sua significação, por culpa do tempo e da memória. A orquestra para a execução do Malouf, deve estar composta de instrumentos de corda, sopro e percussão.

Este estilo foi executado para grandes califas, sultões, reis, sheiks e mais tarde, gerou o estilo de dança conhecido como andaluz, muito sofisticado e apreciado por um público cativo.


15) Solos de Derbake 

Derbake ou Tabla é um instrumento de percussão imprescindível, pois é ele que marca o ritmo do resto do grupo musical. Antigamente, era feito de barro e pele de cabra e os músicos sentavam em cima dele momentos antes de tocá-lo, para aquecê-lo. Atualmente, são feitos de fibra e plástico.

Dança com solo de derbake simboliza a técnica mais antiga e enraizada da bailarina, um momento de êxtase, com fortes batidas do coração e o sangue circulando nas veias.

Nos solos de percussão, a bailarina expressa através do quadril, o que é mais belo e tecnicamente oriental e primitivo. Os movimentos de cabeça, mãos, peito, troncos e cambrets interpretam a emoção, já os quadris e os ombros desenvolvem a técnica.

Entre o derbakista e a bailarina precisa existir um entendimento mútuo e é necessário que ele conheça o estilo de dança dela e ela o estilo de toque dele. É fundamental que a bailarina aprenda pelo menos alguns dos ritmos árabes, que são complexos; alguns vêm de países distintos.


16) Tribal Fusion 

Acredito que esse estilo foi o principal responsável pela propagação mundial do tribal. Ele surgiu quando bailarinas do ATS foram saindo para criar suas próprias estilizações e acrescentar ainda mais fusões ao caldeirão de influências. Não existe uma ordem certa de quem iniciou esse movimento, pois na época não havia nem pretensão e nem consciência de que isso tomaria proporções tão grandes. Apenas aconteceu que, algumas bailarinas/ alunas de Carolena, quiseram se aventurar em suas próprias experiências, dando vazão à criatividade e fazendo uma fusão em cima da fusão. Daí o nome "Tribal Fusion": é o "tribal" do ATS acrescido de fusões do que a imaginação permitir, seja de origem oriental ou ocidental, antiga ou moderna. Algumas das bailarinas apontadas como pioneiras do Tribal Fusion e que estavam na cena desde o começo foram Frederique e Jill Parker, entre outras. Ao contrário do que se imagina, Rachel Brice chegou bem depois na cena, que acontecia quase que exclusivamente na região da baía de São Francisco, CA. Como o Tribal Fusion não tinha um formato específico como o ATS, bailarinas solo surgiram, até que o grupo internacional Belly Dance Superstars incluiu o estilo - até então relativamente novo para o mundo - no show, com a contratação de Rachel Brice. Por fazer turnês mundiais e produzir cds e dvds de alcance internacional, o Belly Dance Superstars lançou o tribal para o mundo, e as bailarinas do grupo, como Rachel Brice, Sharon Kihara e Mardi Love, viraram referência instantânea do estilo.

Outras modalidades compete somente ao Avançado...



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